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Aquisições

Brasil registra valor recorde de fusões e aquisições em 2021

23 fevereiro, 2022
Brasil registra valor recorde de fusões e aquisições em 2021

O Brasil registrou um valor recorde em fusões e aquisições em 2021. O mercado de M&A, sigla em inglês para “mergers and acquisitions”, totalizou US$ 66 bilhões no ano passado, o maior valor desde 2010, segundo dados da consultoria Bain & Company. Um outro levantamento, este feito pelo portal Fusões & Aquisições, indicou 1.880 negócios de M&A realizados em 2021, um crescimento de 63% no volume de transações em relação a 2020. 

O fenômeno não se deu exclusivamente no Brasil, foi global. Ainda de acordo com dados da Bain & Company, o valor agregado de fusões e aquisições no mundo atingiu a marca histórica de US$ 5,9 trilhões. Informações compiladas pela Reuters com base na plataforma de finanças Dealogic revelam uma cifra semelhante: US$ 5,63 trilhões em negócios de M&A no ano passado, superando o recorde anual anterior de 2007.  Os setores de tecnologia e saúde, que normalmente representam a maior parcela do mercado de M&A, ficaram na liderança novamente em 2021, em parte por conta da demanda reprimida do ano passado, quando o ritmo de fusões e aquisições caiu ao nível mais baixo dos três últimos anos devido à crise financeira global provocada pela pandemia de covid-19, esclareceu a Reuters.

No Brasil, o recorde de ofertas públicas iniciais de ações (IPOs) – foram 46 operações em 2021, movimentando R$ 64 bilhões – favoreceu o aquecimento do mercado de M&A. Boa parte das companhias brasileiras que acessaram o mercado de ações no ano passado reportou a intenção de usar parte dos recursos levantados no IPO para realizar aquisições.

Também impulsionou o mercado de fusões e aquisições no país o contexto macroeconômico, com baixas taxas de juros e câmbio desvalorizado em relação ao dólar. “Todos esses fatores desempenharam um papel no volume de atividades de M&A em 2021″, afirmou Luis Frota, sócio da Bain & Company, ao divulgar os dados do relatório Global M&A Report 2022.

Grandes transações, aquelas acima de R$ 10 bilhões, representaram cerca de metade do valor total das movimentações de fusões e aquisições em 2021, segundo a consultoria. A maioria delas se deu para a consolidação das companhias em setores diversos. 

Na área da saúde, por exemplo, houve a fusão da Hapvida e do Grupo NotreDame Intermédica (GNDI) em fevereiro de 2021, criando uma companhia com receita combinada de R$ 18,2 bilhões e 13,6 milhões de usuários. No setor de energia, o destaque foi a compra da Biosev pela Raízen. Em transporte, a Localiza se juntou à Unidas e, no varejo, o Carrefour incorporou o BIG

Em outras frentes, em dezembro passado, a 3G Capital fechou um acordo de US$ 7,1 bilhões para aquisição do controle acionário da multinacional holandesa Hunter Douglas, de persianas, cortinas e fabricante de produtos arquitetônicos. Já o BTG Pactual arrematou, em julho, o controle da InfraCo, a unidade de infraestrutura da Oi, por R$ 12,9 bilhões.

O portal Fusões e Aquisições listou os segmentos com maior apetite por M&A em 2021:

  • Tecnologia da Informação (TI)
  • Telecomunicações e Mídia
  • Hospitais e Laboratórios de Análises Clínicas/Saúde
  • Instituições Financeiras
  • Outros
  • Alimentos, Bebidas e Fumo
  • Companhias Energéticas
  • Transportes
  • Educação
  • Produtos Químicos e Farmacêuticos

Dados divulgados pela KPMG indicam a concentração de movimentações de M&A na região Sudeste do Brasil, que registrou 1.472 fusões e aquisições em 2021, um aumento de 96,7% na comparação com o ano anterior, quando foram registradas 748 transações. 

O número das operações na região corresponde a 76,2% do total de transações envolvendo todas as unidades federativas do Brasil realizadas em 2021. O estado de São Paulo lidera nacionalmente, com 1.160 transações, atingindo 78,8 % do total regional. Em seguida aparecem Rio de Janeiro (167), Minas Gerais (132) e Espírito Santo (13). “A expectativa é que esse forte aumento também contribua para a melhoria do ambiente de negócios e a retomada da economia”, afirmou em nota Fernando Aguirre, sócio de Mercados Regionais da KPMG no Brasil.

Fusões e aquisições em 2022

O mercado de M&A deve continuar aquecido em 2022, segundo o relatório da Bain & Company. No entanto, alguns fatores podem impactar negativamente o cenário nacional de fusões e aquisições. São eles:

  • Choques globais de oferta e demanda 
  • Incertezas em relação à pandemia da covid-19
  • Incertezas de mercado relacionadas às eleições presidenciais do segundo semestre 
  • Pior performance macroeconômica (taxa de inflação superior a seus pares internacionais, potencialmente exigindo maiores intervenções do Banco Central) 

Uma análise feita pela consultoria Deloitte mostra que as fusões e aquisições podem ter papel relevante na recuperação das empresas pós pandemia. 

Segundo o documento, alguns setores, como varejo especializado, hotelaria, saúde esportiva e entretenimento ao vivo, que sofreram mudanças irreversíveis em seus modelos de negócios com a pandemia de covid-19, podem seguir uma estratégia de crescimento inorgânico, que “nesse momento será primordial”, de acordo com a consultoria.

Já setores que apresentam mais resiliência, como bens de consumo, serviços financeiros, tecnologia e telecomunicações, devem sofrer reduções no valor de seus

ativos. Essa tendência, aponta a Deloitte, representará oportunidades únicas de M&A, sobretudo para tecnologias disruptivas (sistemas de comunicação corporativa, tecnologia em nuvem etc.).

Além disso, a nova realidade pode acelerar a concentração de alguns setores por meio de alianças, tais como mídia, bancos e varejo em geral. O movimento, afirma a consultoria, seria impulsionado por novos comportamentos de clientes e seus padrões de gastos. “Nesse cenário, as empresas precisam buscar novas parcerias, assim como M&A. Essas parcerias podem incluir tanto empresas mais ágeis do ecossistema como também parceiros tradicionais”, menciona o relatório.

Um outro aspecto que o documento menciona é que buscar agressivamente oportunidades de criação de valor durante os ciclos de queda é um ponto chave para uma performance sustentável. 

Por fim, private equities, investidores ativistas, investidores ansiosos e grandes

corporações com fortes balancetes estão todos em uma posição de caixa fortalecida para realizar rápidas movimentações adotando estratégias de M&A mais “predatórias“, diz a Deloitte.



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