O ano mal começou e as movimentações de fusões e aquisições já apareceram no noticiário. Destaque para duas operações na área de saúde. A Hapvida anunciou, em fevereiro, acordo para adquirir a operadora de planos de saúde Smile, em um negócio de R$ 300 milhões. No mesmo mês, a rede de franquias de clínicas médicas Partmed e a startup de cartões de benefícios Tem Saúde anunciaram a fusão de seus negócios, sem revelar o valor do negócio.
O primeiro trimestre de 2022 vem seguindo o intenso ritmo de operações de M&A visto no país no ano passado. Vale entender um pouco mais os tipos de fusões que as empresas podem fazer e seus objetivos:
Estabelecer um conglomerado
Nesse caso, a fusão acontece entre duas ou mais empresas envolvidas em atividades comerciais não relacionadas. Essas companhias podem operar em diferentes setores ou em diferentes regiões geográficas. O chamado “conglomerado puro” envolve duas empresas que não têm nada em comum. Já o “conglomerado misto” acontece entre organizações que, enquanto operam em atividades comerciais não relacionadas, buscam obter extensões de produto ou mercado por meio da fusão. Exemplos desse tipo de fusão são o da Louis Vuitton com Moët e Chandon (hoje LVMH) e da The Walt Disney Company e American Broadcasting Company (ABC).
Fusão de extensão de produto
Trata-se da união de duas ou mais empresas que atuam no mesmo mercado ou no mesmo setor com fatores sobrepostos, como tecnologia, marketing, processos produtivos e pesquisa e desenvolvimento. A fusão de extensão de produto é alcançada quando uma nova linha de produtos de uma empresa é adicionada a uma linha de produtos existente de outra empresa, atingindo um grupo maior de consumidores e uma maior participação de mercado. Um exemplo de fusão de extensão de produto foi a união do Citigroup, em 1998, com a Travelers Insurance, duas empresas com produtos complementares.
Fusão de extensão de mercado
Esse tipo de fusão acontece entre empresas que vendem os mesmos produtos em mercados diferentes. Com a união, as companhias conseguem ampliar o mercado de atuação e a base de clientes. Um exemplo desse tipo de fusão foi da LAN Chile e a TAM, que originou a LATAM.
Fusão horizontal
Acontece entre empresas que operam no mesmo setor, e o negócio geralmente faz parte da consolidação entre dois ou mais concorrentes que oferecem os mesmos produtos ou serviços. O objetivo é criar um negócio maior, com maior participação de mercado e economia de escala. A fusão da Daimler-Benz e da Chrysler é considerada uma fusão horizontal, e aconteceu em 1998. A ExxonMobil, criada em 1999 como fusão da Exxon com a Mobil, é outro exemplo.
Fusão vertical
A fusão vertical acontece quando duas empresas que operam em níveis diferentes dentro da mesma cadeia de suprimentos do mesmo setor unem as suas operações. Esse movimento acontece para aumentar as sinergias obtidas através da redução de custos que resulta da fusão com uma ou mais empresas fornecedoras. Um exemplo de fusão vertical foi quando o Santander Brasil formou uma joint venture com a Hyundai para a criação do Banco Hyundai Capital Brasil e uma corretora de seguros.
Fusão é diferente de aquisição?
Os termos muitas vezes são utilizados juntos, “fusões e aquisições” ou M&A, do inglês “mergers and acquisitions”, mas, sim, fusão e aquisição são operações diferentes. A aquisição é uma transação em que uma empresa absorve outra empresa por meio de uma compra. Já o termo fusão é usado quando as empresas envolvidas se unem para formar uma nova organização. Só que cada combinação é um caso único, tem suas peculiaridades e motivos, e o uso desses termos pode se sobrepor.
Possíveis vantagens de uma fusão
Dependendo do tipo de fusão que for realizada e das empresas envolvidas, o acordo pode fazer com que a nova organização ganhe uma participação maior de mercado, ficando à frente da concorrência. Outro aspecto positivo é que a fusão pode gerar economia de escala, na compra de matérias-primas, por exemplo, o que pode resultar em redução de custos. Os investimentos em ativos tendem a ser espalhados por uma produção maior, o que leva a economias técnicas.
Quando duas empresas do mesmo setor se unem, e elas atendem o mesmo mercado, a movimentação elimina ou diminui a concorrência. A fusão pode, ainda, permitir que a empresa amplie sua área geográfica de atuação. Por fim, esse tipo de estratégia pode salvar uma empresa da falência e manter empregos.
Possíveis desvantagens de uma fusão
Quando as empresas que participam da fusão atendem o mesmo mercado, eram concorrentes anteriormente, portanto, isso pode levar a um monopólio e elevar os preços de produtos e serviços ao consumidor. Internamente, a fusão traz desafios de comunicação e de alinhamento de diferentes culturas corporativas – o que, quando malfeito, pode gerar a queda de produtividade e desempenho das equipes. Alguns negócios do tipo também acabam gerando demissões quando há sobreposição de cargos.